terça-feira, 21 de setembro de 2010

Boa noite, show de rock!




Essa frase saudava todos os carros que trafegavam por volta das 21h na alameda dos Maracatins, em São Paulo, no último sábado (18). Do outro lado da rua, em frente ao bar Tody & Thais, um grupo de roqueiros bebia suas cervejas ao som de Hole in the Sky e Zero the Hero, do Black Sabbath, em compasso de espera. Sim, porque às 22h entraria no palco do Citibank Hall, a meia quadra dali, uma banda que não costuma aparecer na mídia, não tem muitos discos lançados no Brasil (sendo que apenas um em formato CD), e não segue as modas do show business. Direto da boa e velha Bradford, no Reino Unido, o New Model Army novamente veio tocar suas canções de trovão e consolação para o público paulistano.

E o show não decepcionou – ainda que só tenha engrenado após um set semiacústico, seguido de um intervalo de quase 40 minutos. No entanto, Justin Sullivan & cia mostraram entusiasmo e energia na apresentação, driblando a falta de conhecimento do público com relação às canções mais novas e ao clima às vezes carregado da plateia, na qual não faltou nem uma briga que forçou a banda a interromper novamente a apresentação (e ao vocalista pedir paz aos presentes).

Com a possibilidade de dividir seu setlist em duas apresentações (a da sexta e a de sábado), a banda pôde provilegiar grandes “lados B” (embora, em termos de Brasil, só umas duas ou três músicas do New Model Army são “lados A”), como Heroes, No Rest e Lovesongs. E as músicas de discos mais recentes, como o Carnival e High, também estiveram presentes.

Uma apresentação completa. Ou quase, já que o velho hit (comparativamente falando) 51st State ficou de fora do show. Mas a política imperialista norte-americana recebeu sua crítica em Another Imperial Day, declamada por Sullivan.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Os caminhos do metal


Dizem por aí que roqueiro não gosta de ler. Não é para menos: a oferta de livros sobre rock disponíveis nas livrarias é desanimadora. Excluindo um ou outro trabalho importante, não há muita coisa relevante. No entanto, finalmente os brasileiros têm acesso a um trabalho que passa a história do heavy metal a limpo, dos primórdios até o início do século 21. Heavy Metal: A História Completa, de Ian Christe (ARX, R$ 49,90) pretende oferecer uma visão panorâmica do gênero, comentando os principais discos e grupos que têm deixado os amplificadores no talo nas últimas quatro décadas.

Lançado originalmente em 2003 como Sound of the Beast: The Complete Headbanging History of Heavy Metal, o livro reconta de forma cronológica a trajetória do heavy metal, acrescentando junto ao texto pequenos boxes tratando de fatos-chave (ou nem tanto) para a evolução do gênero. O trabalho acaba sendo mais abrangente do que o apresentado no livro Heavy Metal: Guitarras em Fúria, do jornalista Tom Leão, que foi publicado em 1997 pela Editora 34. No entanto, a obra de Christe deverá deixar os fãs mais antigos com não uma, mas várias pulgas atrás da orelha.

O problema do livro - pelo menos para os já iniciados nos caminhos metálicos - é uma certa simplificação. OK, o autor tentou fazer um tour completo pelo gênero, chegando a dar um bom espaço para aspectos tidos como periféricos, como as bandas nórdicas de black metal ou a nova (pelo menos para quando o livro foi originalmente escrito) cena de lugares mais distantes, como o Oriente Médio. Mas há uma excessiva presença de fatores mais “pop”, como a ascensão e queda do Metallica, os casos de tribunais envolvendo Judas Priest e Ozzy Osbourne, ou a cena “metal-farofa” de Los Angeles.

Esses são aspectos do universo do heavy metal que deveriam ser tratados no livro – mas não em tantas páginas. O caso do Metallica é o que deixa esse problema mais claro: o livro pode ser encarado como uma espécie de “História do Metallica”, se você considerar os primeiros capítulos como uma espécie de introdução à banda... Ninguém está negando a importância do grupo – tanto musicalmente quanto em termos de tornar o heavy metal conhecido, e até mesmo pop; mas a atenção demasiada cobra seu preço, e outras bandas têm um espaço menor. Esse é o caso do Sepultura, que mal é citado e mesmo assim com erros (das datas de lançamento dos primeiros discos). Ou da cena da Bay Area, citada apenas em função do Metallica e do Megadeth – deixando praticamente de fora grandes grupos da “segundona”, como Death Angel.

Além disso, dois outros problemas incomodam: os sete anos desde o lançamento original do livro – o que deixou toda a evolução recente do gênero sem registro – e a tradução apressada. Lendo o livro, às vezes temos a impressão de que o texto passou por algum tradutor do Google, com expressões como “mistura” no lugar de mixagem, por exemplo. A iniciativa da ARX foi boa, mas deveria ter sido acompanhada de um trabalho de edição mais sério. Há também a questão da capa, horrível e que não diz nada. Mas quem sabe a editora se anime a trazer (de forma mais profissional, claro) outros livros sobre rock ao mercado brasileiro, como a história do Deep Purple de Michael Heatley... É esperar para ver.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O início

E aqui começa mais uma versão do bom e velho Crossover. Os zineiros entre vocês talvez lembrem dessa publicação, que circulou entre 1994 e 1995 e tratava de música, quadrinhos, literatura, política e o que mais seus redatores considerassem interessante. A intenção desse blog é manter aquele espírito -- provocando discussão, trazendo informações sobre assuntos fora do mainstream... Boa leitura!